1/2 ambiente

Por todo o mês se estenderam as comemorações do Dia Internacional do Meio Ambiente, oficialmente celebrado em 5 de junho. Ainda que se tenham costumeiramente plantado brotinhos pelo mundo, manchas quilométricas de óleo e vergonha se espalham na mesma amplitude. Campanhas de conscientização parecem correr diária e ineficazmente em alertas mais do que manjados, mas quase nunca levados a sério.
Índices e medições pelo planeta são espalhados categoricamente por todos os meios conhecidos, mas não dão conta de serem revertidos nem estancados. A emissão de gás carbônico, o principal causador do efeito estufa, atingiu o seu ponto mais alto em 2 milhões de anos e com isso a temperatura da Terra bate recordes sucessivos de aquecimento. Os desmatamentos na Mata Atlântica, por exemplo, continuam inacreditavelmente a avançar, restando menos de 8% da sua cobertura original. O mau uso da água potável pode secar a garganta de milhões de pessoas num futuro bem próximo e, ironicamente, o derretimento das calotas polares podem submergir dezenas de cidades. E, no cair das chuvas ácidas, o bicho homem produz e sofre com a própria poluição. Sofre com os distúrbios hormonais causados pelos pesticidas que eles mesmos borrifam nas plantações. Sofre com a falta de bom senso, jogando nos rios toda espécie de lixo, de sacos plásticos a sofás, como os que foram encontrados no rio Tietê.
Ao bicho homem cabe a redução drástica da emissão de gases poluentes, o que líderes de Estado e cientistas tem discutido há tempos em reuniões formais e convenções que mais parecem infrutíferas. Cabe o comedimento – como ensina a própria vida –, o uso satisfatório dos nossos recursos, da água, da energia elétrica, a coleta conscienciosa de materiais recicláveis, a liderança governamental responsável, a conjugação humana não só em apoio ao planeta mas principalmente contra a exploração descabida das suas reservas, que tem havido desde a Revolução Industrial há mais de século e meio e parece ainda estar longe do fim.

Comunidade Cenáculo de Amor

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Gostaria de reforçar o pedido do meu amigo Ronaldo,
à frente da Comunidade Cenáculo de Amor,
que realiza um trabalho missionário dos mais bonitos,
sem medir esforços para levar a palavra de Deus.
Quem puder não meça esforços para
ajudar a comunidade dele com qualquer material
para reforma da nova Casa de Missão ou
com qualquer doação. Quem quiser conhecer
o Cenáculo de Amor, o site é:
http://cenaculodeamor.wordpress.com/
Doações em nome de Ronaldo dos Anjos Bizerra:
Bradesco, Agência 0653-0, Conta Corrente: 0302198-0

A Sétima Arte

Foi através do artigo do italiano Ricciotto Canudo, publicado em 1.911, em Paris, que o cinema foi alçado à condição de Sétima Arte, juntando-se à música, à dança, à pintura, à escultura, ao teatro e à literatura como representação estética das emoções humanas. Tornou-se um composto de todas elas exibindo som e imagem, movimento, palavra e figuração ao redor do tempo.
Sendo a arte interpretativa, rendo-me aqui a elogios e críticas com a mesma compleição. Posso dizer que acompanho cinema desde “Bernardo e Bianca” (The Rescuers, 1.977) e já indiquei unanimidades como “A vida é bela” (La vita è bella, 1.997) que ora gregos, ora troianos desaprovavam por pura pessoalidade. Assim, venho concluindo que, como a música, existe o filme certo para a hora certa. Como os livros, os filmes podem provocar reflexões profundas e incentivar grandes mudanças; podem ser inspiradores como “Homens de honra” (Men of Honor, 2.000) e Gifted Hands - The Ben Carson Story (2.009), que retratam garra e superação desmedidas, ambos vividos por Cuba Gooding Jr., verídicos e imperdíveis.
Como as pinturas, os cenários dos filmes de época talvez atraiam um público avesso aos tiros e perseguições eletrizantes de outras salas, para o que pretendo escrever por agrupamento, por gênero e por paixão. Como na vida, indico atenção especial aos diálogos, aos sinais, às mensagens; indico atenção às entrelinhas porque às vezes os filmes dizem o que precisamos ouvir. Indico sobretudo a sensibilidade; afinal, cinema também é arte.

Serenata

de Cecília Meireles

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

Somos todos escritores

Há um sem-número de citações que ajuízam o legado dos escritores através dos tempos. A grosso modo exigem a originalidade, mais do que a fôrma quadrada ou a discurso redondo; contemplam o modo peculiar de enxergar o mundo e divergem quanto aos propósitos: da autoexpressão à literatura da alma de um povo, não há regras quando se tem algo a dizer. Talvez o treino e a técnica permitam maiores malabarismos, mas muitos se tornaram grandes escritores munidos apenas de sensibilidade ou de imaginação.
Ilustres escritores desenvolveram grandes aventuras sem nunca tê-las vivido. O alemão Karl May (1.842-1.921), por exemplo, foi acusado de trapaceiro por quem se recusava a acreditar que as suas descrições vigorosas eram frutos da sua invenção. Aliás, pode a imaginação ter salvo a inglesa Emily Brontë (1.818-1.848) de destino pior se não tivesse se abrigado com as irmãs Anne e Charlotte – também escritoras – em Angria, Gondal e Gaaldine, as terras imaginárias que povoavam com seus soldadinhos de chumbo.
Somos todos escritores – disse José Saramago, que Deus o tenha –, só que alguns escrevem e outros não. Mais do que garimpar as palavras que expressam o nosso propósito, escrever é um exercício de libertação. Aposto um trevo de quatro folhas que, como a leitura, a redação também remete a um estado outro de observação e criticismo que precisamos para a nossa evolução. Recomendo sinceramente – como recomendaria doses homeopáticas do sol da manhã e do luar com estrelas –, a mesma frequência de textinhos breves, se não verdadeiros, como atividade de interpretação do mundo. Quase garanto o acréscimo de percepção da vida e de um patamar de atenção, não fôssemos todos imperfeitos. Como escritores vemos histórias em brancas nuvens e gaiolas vazias; somos capazes de nos pendurar em poleiros pela graça do trocar de almas. Como escritores recolhemos os detalhes que ordinariamente nos escapariam. Como escritores temos a honrosa oportunidade de escrever a mais bela história da nossa própria vida.

Vamos ao teatro

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Notas musicais

O monge beneditino
Guido d'Arezzo (990-1.050)
nomeou as notas musicais, como
conhecemos hoje por volta do
ano 1.035, a partir de um hino
a São João (abaixo,
com a tradução)
, de
Pablo Diácono (720-800).
Ele se inspirou nas primeiras sílabas
do hino quando descobriu que
a vibração que elas formavam era
em ritmo progressivo. O UT foi
transformado em DÓ
pelos europeus, com
exceção dos franceses e o SI,
a sétima nota musical,
só foi colocada na escala em 1.673.

Ut queat laxis (Para que possam)
Resonare fibris (ressoar as maravilhas)
Mira gestorum (de teus feitos)
Famuli tuorum (com largos cantos)
Solve polluti (apaga os erros)
Labii reactus (dos lábios manchados)
Sancte Johannes (Ó, São João)

Miró

O Carnaval do Arlequim
(1.924-1.925)

Tempos modernos

Yeats

O pesar do amor
de William Butler Yeats

A altercação dos pardais nos beirais,
A lua cheia redonda e o céu carregado de estrelas,
E o canto alto das folhas que permanentemente cantam,
Tinham escondido a velha e fatigante lamúria da terra.

Então chegaste com esses lábios vermelhos e pesarosos,
E contigo chegaram todas as lágrimas do mundo.
E todo o drama de seus navios nas tormentas,
E toda o drama de seus incontáveis anos.

E agora os pardais guerreando nos beirais,
A lua pálida como coalhada, as estrelas brancas no céu,
E a cantilena alta das inquietas folhas,
Estão estremecidos com a velha e fatigante lamúria da terra.

Hoje é dia de amor

Ilustração: Ju Neder (http://juliananederdesign.blogspot.com/)


Ainda que tanto se tenha dito sobre o sentimento mais nobre da espécie humana, ainda que tantos romances se tenham sucedido pela história desde os primórdios, ainda que inúmeros casos nos inspire ou nos sirvam de bons ou maus exemplos, uma grande verdade não se contesta: o amor é inexplicável.
Muito além das cartas de Paulo, o amor não tem fronteiras e não impõe condições; além dos versos, das poesias arrebatadas, ao amor se entrega corpo e alma sem razão aparente. Muito além dos enamorados, o amor se estende às famílias, aos amigos, ao próximo; amor se dedica à natureza, à divindade; amor se dedica a um ofício, a uma causa: quem ama não adoece.
Amor não se explica, razão pela qual tão poucos filósofos tentaram fazê-lo. Um deles foi o alemão Arthur Schopenhauer, o primeiro a apontar razões inconscientes e biológicas para o amor, 60 anos antes de Freud. Nada – teria dito – é mais importante que o amor. O elegante, apessoado, herdeiro, genial Schopenhauer discutiu o amor como sentimento avassalador, como experiência transformadora da vida, em função da qual todos estamos corretos em viver. O erro – teria concluído o filósofo – seria pensar que a felicidade tem a ver com o amor. Schopenhauer jamais se casou.
O amor se sente. O amor é puro, inocente como um beijo de criança; por isso não se ensoberbece nem se comporta inconvenientemente como escreveu o apóstolo. Nosso descompasso talvez seja envelhecê-lo, examiná-lo ou arrazoar os seus desígnios.
O amor brota. Brota em terra fértil para agalhar mais seguidores; brota em peito hostil para mostrar que a vida é mesmo uma grande volta por cima. O amor não escolhe tempo nem lugar para se alojar, nós é quem tentamos obstruir os seus dotes quando amamos mais a nós mesmos do que o outro, do que a virtude, do que a unidade. O amor é uma força que tudo pode, um sábio que tudo ensina, em toda dificuldade. Ensina sobretudo a humildade e o desapego em toda ocasião frutuosa, em todo novo dia. Assim, divirtamo-nos todos: hoje é dia de amor!

Reflexos

Como se fosse a primeira vez

Sempre me perguntei se um dia escreveria sobre cinema, uma das minhas paixões. Até considerei que a ideia ficava cada vez mais distante com a quantidade tamanha de informações sobre filmes que encontramos hoje nas bancas, nos shoppings e na internet. Com alguns clics do mouse já se acessam opiniões de espectadores e especialistas, resenhas, sinopses e trailers, se não o próprio filme.
Em cartaz ou em dvd, os lançamentos são comentados por gêneros, estrelas ou milhões em bilheteria, rankeados e propagados aos confins do mundo. Críticos e público volta e meia se entendem; os primeiros procuram o algo mais estético, narrativo ou tecnológico, avaliam as sequências, os planos de filmagem, as atuações dos artistas, a coerência dos roteiros, a direção e os aspectos técnicos, além do filme em torno de si mesmo e pelo que ele se propõe; o segundo quer se divertir, na sua imensa maioria. A diversão e o entretenimento são as grandes apostas do cinema, embora, felizmente, muitos filmes sejam produzidos com propostas culturais e reflexivas. Os filmes, bons ou nem tanto, pipocam todas as semanas para quem se dispuser a vê-los.
Assim, bem distante de um analista de cinema, a quem cabe a crítica externa ou a imanente, as avaliações ou juízos de valor, apresento-me tal qual um atendente de videolocadora, que virá a cada quinzena a este canto do Jornal Destaque deixar algumas boas dicas para vocês. Espero, com razão e sensibilidade, sem orgulho nem preconceito, fazer a coisa certa.

Um pequeno destaque


A partir de hoje, 11 de junho - um dia festivo, portanto, por ser aniversário da minha mãe, Antonia - começo a escrever para um segundo semanário, chamado Jornal Semana em Destaque. Trata-se de duas realizações em uma: a primeira é que sempre tive vontade de escrever para um veículo de Indaiatuba, como se pudesse compartilhar algumas ideias com a segunda cidade do meu coração, além da minha querida São Paulo. A outra é que escrevo sobre cinema, uma das minhas maiores paixões, embora não seja um profissional da área como eu gostaria. Mas já me apresentei tal qual um atendente de locadoras de vídeo, que tem sempre alguma boa indicação para fazer. Como sempre, prometo postar meus textos por aqui para compartilhar com vocês. Espero que vocês apreciem!

Ilusões...

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Sonho

Dever de sonhar
de Fernando Pessoa

Eu tenho uma espécie de dever,
dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo
de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo
que posso.
E, assim,
me construo a ouro e sedas,
em salas supostas,
invento palco,
cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas
e músicas invisíveis.

Land Rover



Reflexão

"Uma boa observação da vida nunca poderá ser feita por uma mente intolerante e preconceituosa." (Oscar Quiroga)

O mundo de chuteiras

A partir da semana que vem, são-paulinos, gremistas, atleticanos e torcedores de todo Brasil torcerão para o mesmo time: a seleção de Dunga, que vai disputar, na África do Sul, a 19ª edição da Copa do Mundo de Futebol.
De 11 de junho a 11 de julho, 10 estádios em 9 cidades sul-africanas serão palcos dos jogos entre 32 seleções, entre as quais todas as campeãs do torneio e a estreante Eslováquia.
No esporte criado pelos ingleses, europeus e sul-americanos estão empatados em número de títulos: cada continente tem 9 conquistas, embora o maior vencedor seja o Brasil: ganhou 64 jogos dos 92 que disputou e foi campeão 5 vezes.
As copas do mundo talvez tenham ajudado a consagrar o futebol como o esporte mais popular do planeta: mobiliza milhões de torcedores cativos e bilhões de dólares em transmissões, salários estratosféricos, negociações mirabolantes, passes e direitos de imagem. Só o jogador português Cristiano Ronaldo, por exemplo, recebe 833 mil euros (2.116 milhões de reais) por mês, segundo o site português Futebol Finance.
Tantas discrepâncias ilustram as paixões que movem o esporte. Talvez nenhum profissional, formado pelas melhores universidades do mundo, com doutorados e afins, tenha rendimento equivalente.
Mas o futebol é mágico, colorido e contagiante, senão ruidoso. Na África, as vuvuzelas – as cornetas africanas –, deverão ser o símbolo da alegria do evento de maior audiência televisiva do mundo, superando os jogos olímpicos. O futebol é gingado como Garrincha, genial como Pelé, belo como um gol de placa e irreverente como um chapéu de Leônidas, que em nada lembra a provocação e a violência que às vezes correm pelos campos do mundo junto de espíritos de pouca monta. No esporte países em guerra se enfrentam em disputas saudáveis; nas arquibancadas, arqui-inimigos se abraçam e comemoram e na vida os problemas desaparecem em dois tempos. Nos palcos da Copa, que os personagem das seleções representem o que de melhor fazem pelo esporte: a arte de encantar as multidões.

Zebra

Do livro "Guia dos Curiosos - Futebol", de Marcelo Duarte

No futebol, a "zebra" acontece quando um resultado inesperado dá as caras — um time pequeno goleia um grande, por exemplo. A expressão surgiu em julho de 1964, antes de uma partida entre a Portuguesa do Rio de Janeiro e o Vasco pelo Campeonato Carioca, no estádio das Laranjeiras. Segundo o jornalista Celso Unzelte, antes do jogo o técnico da Portuguesa, Gentil Cardoso, disse: “Se meu time vencer hoje vai ser como dar zebra na cabeça no jogo do bicho”. O detalhe é que não havia zebra no jogo do bicho, e Cardoso sabia bem disso. A partida terminou 2 a 1, vitória da Portuguesa carioca.

Uma expressão em conjunto

Alegria de servir

Da lira paulistana

Quando eu morrer
de Mário de Andrade

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.