Sukiyaki western


Embora não seja grande amante das paródias, devo dizer que são muito populares na história do cinema. Trata-se de filmes bem característicos, que pretendem, à sombra de um outro mais famoso, imitá-lo comicamente, sob o deboche e a zombaria.
As paródias advém da literatura grega antiga, em que poemas já eram sarcasticamente recriados com uma finalidade implicitamente moralizadora, o que, aliás, caracteriza a sátira.
Por definição toda paródia é uma sátira – porque se propõe a analisar a sociedade ou grupos de pessoas –, mas nem toda sátira é uma paródia, como se sabe: há também dramas e tragédias que pretendem ser igualmente moralizadoras ou que se propõem a criticar condutas ou costumes humanos.
Entre os dois conceitos recomendo o engraçadíssimo – e violento – “Sukiyaki Western Django” (2007), do diretor Takashi Miike, com uma participação de Quentin Tarantino. O filme é uma releitura do faroeste: os norte-americanos inventaram o western, os italianos fizeram o seu western spaghetti e agora os japoneses tem o seu sukiyaki western. O filme, falado em inglês, com elenco de japoneses (fora o Tarantino, claro), é uma paródia ao italiano “Django” (1966), dirigido por Sergio Corbucci, em que um viajante sem nome aparece num lugarejo dividido entre duas gangues rivais. Entre a espada e o revólver, o drama e o trash, o amor e a morte; entre personagens violentos e um xerife hilário, Sukiyaki Western Django é um filme talhado para os amantes dos faroestes, cuja mensagem pode agradar a todos.

Comer, rezar, amar

Em meio à contramão, preciso antes dizer que ainda não assisti ao novo filme de Ryan Murphy, “Comer, rezar, amar”, lançado em outubro nos cinemas, baseado no livro autobiográfico de Elizabeth Gilbert, cujo enredo eu também – criteriosamente – não conheço.
Tive o cuidado de me manter alheio à história para escrever sobre o seu título, que eu considero um dos mais sugestivos dos últimos tempos, a exemplo de “Amar, verbo intransitivo”, criado por Mário de Andrade em 1.927.
Escrevo por familiaridade aos títulos, que a propaganda me ensinou a compreender melhor. “Os títulos – disse o publicitário inglês David Ogilvy – são praticamente 80% do anúncio.”
Na literatura e no cinema os bons títulos podem representar mais do que a imagem marcante, mais do que as palavras bonitas. Talvez representem mais do que a própria mensagem por que, mais que encabeçar, os títulos significam. E mais que significar, eles arrebanham: imagens, palavras e mensagens não funcionam sozinhas.
Por essa razão temos um nome, que se torna eterno não por si mesmo, mas pela sequência dos bons gestos que realizamos, dos bons termos que dizemos ou pelos exemplos que deixamos.
Escrevo por que o novo título me fez refletir e escritores, antes observadores, encontram histórias em brancas nuvens, em livros que nunca leram e em filmes que não viram.
Em comum com a cinebiografia e com o best-seller empreendo apenas três verbos, talvez destes os mais humanos. Comer, rezar e amar me inspiram equilíbrio, como se a oração e a benevolência reverberassem respeito e o absorver não fosse esganado, mas nutritivo.
Não sei o que Julia Roberts protagoniza, mas imagino que tenha mais propriedade que os glutões, os fanáticos religiosos e os malqueridos.
Comer, rezar e amar se movem em direções diferentes – de fora para dentro, de baixo para cima e de dentro para fora –, mas chegam ao mesmo destino: alimentam o corpo e a alma, pela experiência, pela contemplação e pela solicitude. E, como na literatura e no cinema, não funcionam sozinhos.

Um sopro de cultura

Por ocasião do Outubro Literário, que acontece por realização da Secretaria da Cultura de Indaiatuba, pude assistir à palestra de Ruy Castro, um dos grandes autores brasileiros, biógrafo de Nelson Rodrigues (“O anjo pornográfico”, de 1.992), de Garrincha (“A estrela solitária”, 1.995 – que virou filme) e de Carmem Miranda (“Carmem, uma biografia”, de 2.005), sobre os quais dedicou grande parte da apresentação, além de versar sobre os entremeios da biografia e do jornalismo
O Outubro Literário é a nova criação de Indaiatuba, que tanto tem feito pela cultura, ora por suas secretarias, ora por outras iniciativas. Como os prestigiosos “Maio Musical”, “Agosto das Artes”, “Setembro em Dança” e "Novembro em Cena" – que já são, por si só, um espetáculo de concepção –, o Outubro Literário propõe um mês de eventos, apresentações de peso e acontecimentos correlatos. Estão previstas oficinas, palestras, contações de histórias, peças de teatro, mostras e saraus.
Méritos tem Indaiatuba por sediar o reconhecido “Passo de Arte” – uma competição de dança de proporções internacionais –, ou por suscitar a sua própria Virada Cultural. Méritos por abrigar feiras de artesanato, por oferecer sessões de cinema especiais como o Cineclube e o festival italiano, por patrocinar a formação de novos músicos, de novos artistas do teatro e da dança, por realizar seus festivais musicais, culturais e gastronômicos, por manter acesa a memória da cidade – pela Fundação Pró-Memória e pelo Casarão Pau Preto –, sobretudo com as suas destacadas colônias suíças, alemãs, japonesas e italianas, que vez por ano se reúnem na famosa Festa das Nações Unidas.
Diante de tanto acesso à cultura e ao entretenimento, de tantos belos, amplos e confortáveis palcos, de tantos shows, artistas e atrações de variadas magnitudes, para todas as idades, para todos os bolsos e por todo o calendário, abstém-se apenas os desinformados ou os desinteressados. Num país onde se lê pouco e onde as novelas são campeãs de audiência, Indaiatuba é um sopro de cultura.

Saurai-Je?



Se não for uma das mais lindas canções ou uma das mais
belas letras da capricorniana Françoise Hardy (nascida em
janeiro de 1.944, em Paris), "Saurai-je?" é, para mim, uma
das mais queridas, sob cujos encantos ouvia, quase um
menino, na companhia do meu pai.

Instrução

"Se você acha que a instrução é cara, experimente a ignorância." (Benjamin Franklin)

Escrito nas estrelas

Poucos gêneros são tão queridos como a comédia romântica. Talvez pela leveza, pela graça com que as situações se ajustam ou pelas razões mirabolantes pelas quais os casais se atracam ou se escorraçam, até ficarem juntos – ou não – no final. Mesmo sob uma fórmula pouco variável, arrasta milhões aos cinemas desde os seus primórdios, tempo em que se encaixa “Ninotchka” (1939), do sofisticado Ernst Lubistch, com o roteiro de Billy Wilder e a beleza ‘siberiana’ de Greta Garbo. Ela interpreta uma refratária comunista cujo destino cruza com o do conquistador capitalista Melvyn Douglas, o que vai rendendo uma deliciosa transigência.
Como publicitário recomendo também “Volta, meu amor” (Lover come back, 1.961) com Rock Hudson e Doris Day – outra dupla muito querida do gênero. Os dois trabalham em agências de propaganda em Nova York; ele é um picareta, ela tenta desmarcará-lo e o filme é surpreendentemente envolvente, engraçado e bem escrito, inclusive premiado com Oscar de melhor roteiro original.
Da nova safra, uma das minhas preferidas é “Escrito nas estrelas” (Serendipity, 2.002) não por ser protagonizada por John Cusack e Kate Beckinsale, mas pelas engrenagens do destino. Os dois se esbarram na Bloomingdale’s lotada e não conseguem emplacar uma atração mútua porque já são comprometidos. Deixam que a mágica do acaso os reúna, se os deuses do amor assim decidirem. Como a arte imita a vida, a comédia romântica talvez termine bem justamente por que o amor sempre faz parte das história.

Anjos da Guarda



Queridos amigos!

Estou particularmente sensibilizado em ajudar a ONG Anjos da Guarda, que desenvolve um trabalho maravilhoso com mais de 160 velhinhos, 60 dos quais com problemas psiquiátricos. Soube da existência deles por intermédio da querida Ida Cabrini, com quem estou empenhado a amealhar doações de qualquer espécie. Qualquer ajuda é bem vinda para os dois asilos que a ONG mantém, em Franco da Rocha: quem puder pode ajudar com produtos de higiene pessoal e limpeza, analgésicos, fraldas geriátricas. Quem optar por depósitos bancários - quaisquer somazinhas! -, os Anjos da Guarda, Ida e eu ficaríamos imensamente gratificados.

Contamos com a ajuda de vocês!

Associação Beneficente de Assistência Social Anjos da Guarda
CNPJ: 08.618.057/0001-60
Telefone: 11-39035455
Site: www.onganjosdaguarda.org.br

Depósitos:
Bradesco
Conta Corrente: 170-8
Agência: 0601-7

Nosso lar


Não tem me surpreendido o sucesso que a temática da pós-morte tem alcançado – através do cinema e da televisão – no Brasil, um país de maioria católica. Mesmo os que acreditam na vida eterna tem alguns naturais questionamentos – que talvez fiquem eternamente sem respostas.
Lembro-me de ter lido o interessantíssimo “Vida depois da vida”, do dr. Raymond Moody Jr., em que conta, baseado em relatos de pessoas que voltaram do coma, as considerações de quem esteve muito perto da morte. Contemplar-se ou fora do corpo ou a luzes perfulgentes, sentir paz e quietude, ouvir ou sons ressoantes ou a notícia da própria falência são algumas similaridades entre os depoentes, talvez o mais próximo que se possa chegar ao outro lado, já que a vida após a vida não pode ser comprovada nem pelo homem nem por nenhuma das doutrinas religiosas.
Em “Nosso lar”, de Wagner de Assis, lançado em setembro nos cinemas, o médico André Luís desencarna após um infarto, deixando a esposa e os filhos na Terra a caminho de outra dimensão, de onde descreve a vida após a vida. É uma história emocionante, muito por entoar a belíssima “Sonata ao luar”, de Beethoven – que caiu muito bem à história –, muito por ser André Luís uma alma virtuosa, de boas intenções, solícita, que então reconhece as imperfeições humanas – inclusive as suas –, compreende o universo da existência terrena e passa a colaborar para torná-la melhor de onde está.
Embora muitos contestem, muitos acreditam que o então espírito André Luís tenha referido, pelo então médium Chico Xavier, não só o desencarne, nem a vida em outras esferas, mas ensinamentos para uma existência melhor nas dezenas de livros que escreveram juntos, entre os quais figura o próprio “Nosso lar”, baseado no qual foi produzido o filme.
Independente de credos é uma história que privilegia a virtude, os princípios, a consciência das próprias falhas como escala de evolução. Mais importante do que chegar à Providência Divina é celebrar o Seu mais poderoso desígnio: a vida.