Proibição na web cria "criminosos", diz professor de Harvard

publicado na Folha de São Paulo -

texto de autoria de Carolina Matos, de São Paulo


Lawrence Lessig, 50, professor de direito de Harvard (EUA), defende a flexibilização das regras de propriedade intelectual.

Autor de livros como "Remix", disponível gratuitamente sob uma licença da "Creative Commons", Lessig diz que é preciso haver liberdade para que a cultura comercial conviva com a do compartilhamento - que ganha cada vez mais espaço na internet.

Lessig, que virá ao Brasil para o fórum HSM Negociação 3.0, que acontece em 23 e 24 de agosto, falou com exclusividade à Folha. A seguir, trechos da entrevista:

Propriedade intelectual

Precisamos de mais pensamento empírico e menos religião no que diz respeito à propriedade intelectual.

É verdade que, com a internet e as tecnologias disponíveis, as empresas têm hoje menos condições de "controlar" o uso de suas marcas.

Mas, junto com o risco, vem uma grande oportunidade para as companhias. Quando 50 mil pessoas no Facebook voltam as atenções para um produto porque amigos usaram a marca [em um "remix"] e recomendaram [o vídeo] ao seu círculo de contatos, isso é mil vezes mais eficaz que o resultado obtido através de um anúncio.

Compartilhamento

Exceto em questões de privacidade, espero que nunca tenhamos um mundo onde seja possível controlar o uso de uma ideia. Leis de direitos autorais não controlam ideias; patentes regulam apenas invenções. E a lei das marcas registradas assegura somente a integridade na esfera comercial.

As ideias devem se espalhar livremente pelo globo.

Propriedade intangível

A lei sempre compreendeu a diferença entre o que é propriedade tangível e o que é intangível, e essas diferenças devem ser protegidas.

A mudança, hoje, é que estamos rodeados por muito mais propriedade intangível do que antes, e as leis que regulam o que é intangível foram criadas para o mundo antigo, e não para o novo.

As pessoas e as empresas sentem a mudança, que é profunda, e se dividem em dois grupos: o que tenta fazer valer as velhas regras no novo mundo e o que tenta descobrir as regras certas para o novo mundo. Eu faço parte do segundo grupo.

Geração de criminosos

Vivemos uma era em que nossos jovens deixaram de ver televisão para fazer televisão. E temo que estejamos produzindo uma geração de criminosos por causa do sistema de regulação desatualizado.

A lei do direto autoral poderia ser atualizada para servir melhor aos interesses de artistas e evitar transformar crianças em criminosos. Deveríamos estar fazendo isso.

Ideias como "uso justo" têm que ser centrais e protegidas para possibilitar a existência de ambas as culturas criativas: a comercial e a do compartilhamento.

E é preciso haver liberdade, que significa permissão para qualquer um usar sua capacidade de criar.

O "Creative Commons" oferece a autores a possibilidade de marcar seus conteúdos com as liberdades que eles pretendem que as obras carreguem.

Margherita


A pizza Margherita leva esse nome por
ser a primeira a ser servida para a
rainha da Itália, Margherita. Ela era
enfeitada com as cores da bandeira
italiana: queijo (branco), manjericão
(verde) e tomate (vermelho).

Extraido de "O guia dos curiosos -
Português", de Marcelo Duarte

Dust in the wind



Aqui vai "Dust in the wind" (lançada pela banda
americana Kansas no álbum Point of Known Return,
de 1.977), que rendeu gravações de Sarah Brightman,
Lou Reed, Neil Diamond e Scorpions e vendeu milhões
de cópias em todo mundo. Segue um clipe com legendas
em português da belíssima composição de Kerry Livgren.

Homenagem

dedicado a Edvaldo Pereira Lima

A sensação de subir me transporta. Estou entre os degraus rolantes do metrô quando sou tomado por um arroubo de escrita rápida, talvez sentido por serem os próximos os últimos encontros. Estou parado, mas viajo para cima como se estivesse partindo para uma outra consciência, cujos guardiões são anjos que me deixam passar. E passo.
Comigo vem tantas outras realidades que não posso guardá-las apenas com um olhar. Posso sentir os pés no piso liso, as mãos soltas nos bolsos e a mochila nas costas, que mais precisa trazer as minhas palavras que as minhas roupas e os meus livros. Posso contar os meus passos, que são lentos e cuidadosos, porque quem tem paz não tem pressa. Posso sentir a frieza da estação, mas estou bem coberto: a serenidade me veste. Posso escrever com os olhos, livros de pessoas, histórias espalhadas ali pela sexta-feira, universos andantes, cada alma e sua trajetória, conectadas a mim como num singelo mapa mental.
Meu impulso é compartilhar o meu arrebato, a profusão das bandeiras juninas, o caos de cores que mais brincam de colorir e as frases lindas que me dão as mãos enquanto eu sigo anônimo. Juntos, descrevemos quase tudo à nossa volta com um quê de magia, talvez a inspiração de Machado em sua visita pelos jardins da minha memória. E nem quero andar, para não amassar as folhagens. Prefiro esperar o trem que chega e se vai sem que eu me mexa, alçado á condição de ser senciente. Talvez os próximos estejam tão cheios, que vem, e vem, e vem e tenho então a impressão de seguir, portas vazias adentro até a convicção de que às vezes eu acerto. Sorrio para alguém lá dentro, mas ela não me sorri de volta; noto que o sorriso não é meu, mas está estampado em mim.
Há espaço para que eu me acomode, mas minha natureza dá o lugar para os outros e cedo o banco para a paz de espírito até que eu me lembre que ali posso finalmente escrever. Por um instante penso se não é esta a alma do artista, que escreve no meio do povo como fazia Balzac, vivendo entre os mineiros e os carvoeiros para contar “Germinal”.
Penso se meus arroubos são sobre-humanos, o vagão já cheio, meus olhos já vermelhos enxergam em raio-x a alma de todos que se apinham à minha frente, como se esperassem encarecidos por uma palavra de salvação. Tomo notas chacoalhando, as mãos quase escrevendo sozinhas, sou quase um psicógrafo até compreender a condição da autenticidade de um escritor. Na inspiração eu me lembro de Bach, que se emocionava também enquanto rabiscava as composições que Deus mandava para ele.
Tomo as costas dos meus livros de medicina ayurvédica, para onde, meio canhestro, garrancho não uma, mas várias escritas rápidas que dali para frente vão pontuar meu coração. Vão me acompanhar do vagão em diante, como se todas as histórias fossem uma, como se ligassem os quarteirões e os bairros numa única caminhada, que não troquei pelo táxi por amor à contemplação. Escreveria um romance inteiro sobre a viagem, quadra a quadra da Paulista ao Itaim, descendo volta e meia a mochila das costas para tornar a escrever as belezas que eu via, que muita gente morre e não vê.
Escreveria as minhas subidas e descidas, as almas novas que cruzaram o meu caminho, as caras novas que eu tive para contar, mesmo acordando no meio da noite. Escreveria nos livros enquanto houvesse espaço, para depois escrever pelo corpo e pelas calçadas, incontinente como o Marquês de Sade. Traria à vida os vilões do arrebato: que tomassem ônibus públicos de assalto para levar para casa os que se amontoavam nos pontos, que plantassem no coração da senhora a rosa que ela levava nas mãos quando se despedia de alguém. Passaria em revista o meu trajeto, separando meus capítulos por quarteirões, visões ou paradas, apenas para registrar que jamais será o mesmo de novo.
Traria ao meu personagem o poder da consciência, para que enxergasse algo mais pelo percurso até se tornar um menino de verdade. Contaria o segredo de sentir o mundo diferente, algo mais que o exercício de mostrar ao mestre que aprender com ele valeu a pena. As suas lições merecem mais do que sobreviver na minha lembrança por apenas oito encontros. Merecem a minha carinhosa homenagem.

Tudo

"Conheci o bem e o mal,
O pecado e a virtude, a justiça e a injustiça;
Julguei e fui julgado,
Passei pelo nascimento e pela morte,
Pela alegria e pela dor, pelo céu epelo inferno;
E finalmente compreendi
Que eu estou em tudo
E que tudo está em mim. "
(Hazrat Unayat Khan)

Julho

Inicialmente, este mês era chamado de Quintilis, por ser então o quinto mês do ano. Porém, com o assassinato do imperador Júlio César, ocorrido nessa época (no ano de 44 a.C.), passou a ser denominado Julho, em homenagem a ele.

Extraído do livro "O guia dos
curiosos - Português",

de Marcelo Duarte

Arno

(clique sobre a imagem para aumentá-la)

Diz o textinho pequeno, acima:
"Liquidificador Arno: a pior coisa que
poderia acontecer na vida de um abacate."