Blogar

Blogar é como viver. Uma postagem em seguida da outra, como a crua sequência de dias; falível somos nós, que acordamos um e dormimos outro, todas as noites. Mas o blog - e a vida - continuam lá, como o pai do pródigo, altaneiros, à espera da iminente recolhida. E o que são, pois, a vida - e o blog - sem uma exígua reflexão? Valem os seus anseios, as suas paixões - e seu silêncio? Vale mais a experiência vivida ou a lição aprendida? Vale o pensamento do outro, porque os nossos às vezes nos faltam: o universo é tão grande e mesmo assim enxergamos só preto, enquanto há milhões de outras cores disponíveis. E sabemos disso, mas precisamos que alguém nos lembre que o planeta é azul, que o calor é amarelo e que a esperança - como a página, como a vida - é branca: à espera das suas palavras, das suas cores e das suas histórias.

Imperdível

A Jornada do Herói e o Cristo Interno

Palestra "A jornada do Herói e o Cristo Interno" 
com o mestre Edvaldo Pereira Lima
19 de dezembro, sexta-feira, no Instituto Cultural Potala
inscrições: 1 kg de alimento para doação

Por Edvaldo Pereira Lima
Nascida de uma junção multidisciplinar espontânea entre a mitologia, a psicologia, a literatura e o cinema, a estrutura narrativa mítica, a Jornada do Herói tem-se revelado altamente eficaz na ficção, especialmente quando trabalhada por criadores de gênio como George Lucas e Steven Spielberg.
O uso desse poderoso instrumento no cinema inspirou-me a desenhar uma possibilidade de aplicação em narrativas da vida real. Acabei por incorporá-lo experimentalmente ao meu método em desenvolvimento de histórias de vida, no contexto da minha proposta de Jornalismo Literário Avançado. Já tive inclusive a oportunidade de orientar uma Tese de Doutorado - a de Monica Martinez -, na ECA-USP, onde essa abordagem foi testada com sucesso numa situação específica de ensino de jornalismo.
Simples e profunda ao mesmo tempo, a Jornada do Herói é fruto de uma abordagem extraordinária que, espero, será melhor compreendida e empregada neste século 21, quando caminhamos para um salto de qualidade no nosso modo de entender a realidade. Novos paradigmas, o pensamento complexo e a transdisciplinaridade nos impulsionam para uma indispensável revisão dos alicerces epistemológicos que sustentam os nossos procedimentos de conhecimento do mundo, particularmente nas ciências.
Advogo que a melhor postura de base para o jornalismo de profundidade do futuro - ou para a literatura da realidade, como preferir -, desde agora, é a adoção urgente de um foco transdisciplinar. Este foco deve estar organizado em torno da transversalidade dos modos de conhecimento - as ciências, as artes, a filosofia perene, as tradições -, da complexidade e dos diferentes níveis de realidade, do processo evolutivo que impulsiona a existência e da compreensão do ser humano sob um novo olhar ampliado. Por demasiado tempo o jornalismo andou limitado, cego, aprisionado por paradigmas reducionistas que lhe dão um caráter de superficialidade incompatível com a nossa época de aceleradas transformações.
Tenho esperança que narrativas da vida real venham contribuir vigorosamente para o processo evolutivo, pois, sendo aberto, tem como sombra ameaçadora seu irmão oposto, o processo involutivo. Para nos preparar para isso, enquanto não temos muitos exemplos concretos na nossa área, podemos aprender uma lição ou duas com o mestre Steven Spielberg.
O filme "Indiana Jones e a Última Cruzada" é, para mim, até hoje, a obra cinematográfica comercial que melhor utilizou a Jornada do Herói não apenas para contar bem uma história. Utilizou-a magistralmente para transportar um conteúdo vital de sensibilização - sutil e simbólica - do indivíduo quanto à jornada evolutiva real pela qual cada um de nós trafega na vida, pontuando desafios, estágios e caminhos possíveis de sucesso.
A narrativa é extremamente rica de recursos da Jornada, mas atenho-me aqui a alguns aspectos.
Depois da parte introdutória, em que se recuperam dois episódios do passado do protagonista, a nova aventura começa, propriamente, com Indiana Jones como professor universitário. Sua primeira frase, dando uma aula, é emblemática: "Arqueologia é fatos".
A frase denota alguém enraizado num modo de percepção concreto, estruturado em torno do pensamento linear racionalista. Na linguagem de escolas da psicologia humanista profunda - como a da psicossíntese ou a de Carl Gustav Jung - temos aqui um ser humano psiquicamente organizado em torno do ego.
Ao longo da aventura em que se mete, porém, Indiana vê-se diante da impotência do ego - e do pensamento linear - em, sozinhos, tirar-lhe de apuros. No auge da encrenca, comprometido a salvar o pai, tem de recorrer a outros recursos, descobrindo-os em si mesmo, para responder aos complicados desafios que enfrenta e que já são do domínio da complexidade. Primeiro, precisa, simbolicamente, render-se a um poder superior, decifrando uma difícil charada de vida ou morte, evitando assim ser decapitado. Logo em seguida precisa adivinhar o nome desse poder, reconhecendo-o.
Como se não bastasse, depois enfrenta o teste quase supremo, que é a entrega total, o abandono do resto de certeza que o ego talvez ainda lhe desse, para deixar-se levar incondicionalmente pela fé. A cena, no filme, é belíssima:
Indiana termina de atravessar uma caverna e vê-se, na saída dela, diante de um abismo. Mas precisa seguir. Tentar saltar para o outro lado seria suicídio, missão impossível. Felizmente, como já está mentalmente funcionando em termos do pensamento complexo, tendo abandonado de vez o estreito pensamento racionalista, interpreta corretamente o último preceito que o guia. Coloca a mão esquerda sobre o peito, fecha os olhos, entregue ao destino, e dá um passo adiante, sobre o abismo. Acontece-lhe então a surpresa das surpresas.
Nesse gesto, além de ter avançado a base do seu pensamento do modo simples para o complexo, o protagonista está ampliando sua condição de ser humano. Consolida sua capacidade de agir também pelos sentimentos - afinal, está ali por amor ao pai - e pela fé, essa habilidade incomum de se entregar incondicionalmente a uma força superior e invisível, lançando-se no vazio, tomando decisões e agindo sem o amparo dos fatos concretos que antes sustentavam-lhe o pensamento puramente linear. Este, é inútil nessas condições.
Os personagens estão naquela aventura por causa do Santo Graal, o cálice que, diz a lenda, recolheu o sangue de Jesus Cristo na cruz e que, descoberto, seria capaz de conceder vida eterna ao descobridor. Indiana chega a colocar a mão no Graal, mas amorosamente alertado pela sabedoria do pai, larga-o, não se apossando dele. Por fim, concluída a aventura, a última lição da Jornada e de Spielberg:
Indiana pergunta ao pai o que ganhou com tudo aquilo, arriscando a vida por causa de um idéia, já que nem o tesouro, aparentemente, ele leva para casa. Com o enorme talento que Deus lhe deu, Sean Connery, no papel do pai, olha fixamente para a câmera (ou melhor, para o espectador) e diz uma única palavra, os olhos brilhantes como diamantes de alto quilate: - Iluminação.
O que podemos extrair daí, para uma escola de narrativas da vida real que efetivamente ouse enxergar o futuro, é a origem de uma família de pautas extraordinárias e radicalmente revolucionárias como o mundo jamais viu, no jornalismo. Ali está o código decifrado e a pista de uma missão que, assumida algum dia, elevará a narrativa da realidade para um patamar impecável de qualidade. Contribuirá de vez por todas para o grande processo de evolução das consciências que está em curso, em contrapartida à contracorrente da involução que lamentavelmente domina a maior parte da produção dos meios de comunicação de massa, inclusive no jornalismo.
A lucidez que está chegando às ilhas de excelência do conhecimento de ponta, onde ciências e outras formas de saber dialogam em bases renovadas, sugere que estamos vivendo um momento crucialmente importante. Os indivíduos e a espécie humana estão sendo estimulados a romper os véus que cegaram nossa visão da realidade durante tanto tempo. Ou fazemos isso ou caímos num retrocesso trágico da civilização.
Mas o salto para a nova visão - para a qual colaboram o pensamento complexo e a transdisciplinaridade - é cheio de riscos. O maior deles é nossa própria ignorância preconceituosa, manipulada maquiavelicamente pelos que não querem que enxerguemos. A resistência interna condicionada é o nosso maior inimigo.
Sugere a psicologia humanista que no processo evolutivo do indivíduo - e podemos dizer, da coletividade humana - há um momento em que o ego tem que ceder espaço a uma outra instância psíquica mais refinada, chamada de Self ou Eu Superior. Quando a Jornada do Herói atinge a plenitude, revela, em paralelo às aventuras externas dos personagens principais, essa aventura interior de ampliação de consciência, que sobe para um novo nível até então desconhecido, exigindo o aprendizado de um modo inusitado de interação com a realidade. Só que para isso o ego descobre-se insuficiente, diante dos desafios complexos que não compreende e com os quais não consegue lidar com eficácia. No desespero, sabendo ou não disso, o indivíduo precisa descobrir em si próprio o Self, instância psíquica superior, cujo caminho de acesso é a fé. Ao chegar ao nível do Self, descobre que reside dentro de si uma porção divina, que ao mesmo tempo é sua e é de um Todo amplo que envolve (manifestadamente ou oculto) tudo o que existe.
A última e verdadeira Jornada do Herói é a jornada da descoberta do nosso potencial divino. É a longa navegação rumo à nossa plenitude enquanto seres oriundos de uma consciência superior, onipresente e amorosa, que nos ampara no nosso processo de evolução, mas espera a nossa ação proativa nessa direção.
Essa porção divina foi simbolizada e transmitida, no nível arquetípico, pela figura de Jesus Cristo. Evento histórico ou lenda, não importa como a pessoa o vê. Seja a pessoa religiosa ou atéia, cética ou mística, tampouco importa, no fundo. O caso é que existe implantada arquetipicamente em algum nível da consciência (ou inconsciência) do indivíduo a idéia-motriz de que o ser humano origina-se de uma força (ou inteligência ou consciência, ou Deus, como queira) criadora perfeita. E que sua maior realização possível consiste em descobrir e comprovar conscientemente em si mesmo essa verdade.
Jesus Cristo e sua história navegam nesse oceano arquetípico, ao longo das eras e dos povos, como um magnífico exemplo do caminho para o Cristo interno que habita - potencialmente, pelo menos -o coração mais profundo e sutil de cada ser humano. As religiões prestam-se a auxiliar nessa jornada, de algum modo, mas, por vezes, fazem mais mal do que bem, confundindo compreensões, manipulando conhecimentos, distorcendo percepções.
O Cristo interno, aquele que precisamos aprender a descobrir, a amar e honrar em nós mesmos, não pode, porém, ser eternamente aprisionado pelas manipulações, nem pelas boas intenções equivocadas. Transcende tudo isso. Talvez alguns o encontrem nas religiões, e tudo bem se funcionar assim. Talvez outros o encontrem na ciência mais pura. Talvez na arte mais genial. Talvez na filosofia mais cristalina.
Mas todos nós somos chamados a encontrá-lo, aceitemos ou não, dentro de nós próprios. Mesmo que o chamemos de Buda ou de Krishna, de Anjo ou de Eu Superior. Mesmo que nos inspiremos na Virgem Maria ou em Nossa Senhora Aparecida, em São Francisco de Assis ou em Maria Madalena, nas árvores ou nas estrelas. Mesmo que nos apeguemos exclusivamente ao nosso intelecto ou às nossas emoções. Mesmo que não acreditemos em nada. Mesmo que abominemos tudo o que cheira a mistério insondável. Mesmo que só aceitemos o que é exclusivamente material e concreto. Mesmo com a nossa resistência ao nosso próprio bem. Mesmo com os nossos apegos. Mesmo com a nossa incapacidade de ver. Mesmo tudo.
Somos chamados para a descoberta de um amor incondicional, infalível sob qualquer circunstância, transcendente e imanente. O amor por nós próprios e pelo nosso Criador, base de todos os outros amores. O portal é o Cristo interno. Somos chamados. Um dia. Ou sempre.
O número dos que estão respondendo ao chamado cresce a olhos vistos. As histórias das jornadas dos que partem para essa descoberta pelos caminhos mais diversos, a pauta silenciosa que se expande quase que exponencialmente à nossa frente na sociedade de hoje, despontando em vidas anônimas e célebres, manifestando-se às vezes de maneira inusitada, são o repertório do que de mais verdadeiramente importante, em benefício da humanidade, as narrativas da vida real poderão fazer neste século 21 tão perigoso quanto promissor. A Jornada do Herói pode ser um excelente aliado nessa gratificante tarefa de cartografar as histórias que definitivamente valerão a pena escrever a partir de agora. As histórias da história do Grande Despertar.

Edvaldo Pereira Lima é escritor, jornalista, professor universitário, autor de livros publicados no Brasil e no exterior. É diretor do curso de pós-graduação pioneiro em jornalismo literário no país, além de professor-visitante em universidade da Colômbia. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, com pós-doutorado em Educação pela Universidade de Toronto. Sua abordagem é transdisciplinar, integrando saberes de distintos campos de conhecimento.
Outros de seus cursos:

Escrita  Total  •  Escrevendo  Vidas  I  (Biografia  e  Perfil)  •  Escrevendo  Vidas  II (Autobiografia,  Ensaio  Pessoal  e  Memórias)  •  Escrevendo  Viagens  •  Jornada  do  Herói  Para  Escritores  • Storytellingem Comunicação Organizacional
Palestras:

O Empreendedor e o Herói: Paralelos da Jornada • Escrevendo o Futuro • Jesus Cristo e a Jornada do Herói • Ciência de Ponta e Espiritualidade: Fronteiras Avançadas do Conhecimento

Filhote


Basta um vôo filhote. Asas delicadas, pequeninas; doçura: um dia filhote. Basta a calçada; na avenida passa um carro, mas eu paro. Ela me envolve com as suas cores e não posso prosseguir sem a sua singeleza. O mundo é filhote. Basta. Como se nada mais fosse necessário, nem as manchetes estaladas nas bancas, nem as promoções que eu nunca quis aproveitar nas vitrines. Basta que a minha alma me leve, porque é ela quem viaja e compreende. E nas suas asas eu vou, pousando nos polens e me estendendo ao jasmim à minha frente, filhote.
E o mundo é criança por onde eu ando: os gatos, o menino com a bicicleta; os adultos. Os tons suaves se conservam e vejo leveza num tronco robusto de árvore, cujos galhos não tinham folhas e em certas partes não tinham cascas: poderia dizer que se sentia numa terra-de-ninguém, onde ninguém mais se importava com ela além de mim. Poderia dizer que sangrava duas seivas de amargura: uma pelos barulhos todos que passavam tão estridentes quanto o silêncio que desejava ter e não tinha, outra pelas tristezas que seus milhões de olhos testemunhavam sem poder distraí-los. Mesmo assim, de uma de suas cinzas partes um galho filhote irrompera destemido, aonde um fio de esperança decidiu pousar.
E penso se talvez devesse me mudar para uma cabana no meio do Atlântico, rodeado de mares por todos os lados e criar minhas raízes nas águas, longas e profusas, para serem levadas pela correnteza como a pequena borboleta me levou hoje, quando o dia era ainda um filhote. Assim, continuei eu, este broto um dia será a parte viva do tronco que foi cinza e se tornará forte para aprender ou com as águas calmas, singrando serenidade, ou com as tormentas e tempestades; sem afundar.

Um olhar holístico

Todas as quartas-feiras o médico César Deveza, um dos meus professores de Ayurveda, dirige-se de seu consultório, no Butantã, até um dos centros da Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente; antiga FEBEM), na Vila Maria. É recebido com sorrisos e apertos de mão por um punhado de ‘meninos’ – internos com até 21 anos –, ansiosos à sua espera. Retribui a simpatia e escolhe a sala com lousa e colchões preparados para a sua aula de Raja Yoga.

O professor Deveza é também o idealizador do Projeto Yam (clique aqui para conhecê-lo), cujo propósito é levar uma esperança – através da yoga – aos corações dos internos. “Senti que deveria fazer alguma coisa pelos jovens”, disse-me em um dos 5 dias de treinamento gratuito para formação de voluntários para o projeto. Uma das vocações do Instituto Cultural Potala é justamente formar novos voluntários para o Projeto Yam, para que essa idéia se alastre não só nas Fundações CASA da capital, mas também pelo interior de São Paulo.

Nem preciso dizer que as quartas-feiras são os dias preferidos do professor. Neste dia ele atravessa a cidade para estar com o seu grupo de alunos, com quem mais aprendeu que ensinou. Eu mesmo estive com ele em uma destas oportunidades e voltei de lá arrepiado da cabeça aos pés: se por um lapso de preconceito me senti em perigo, meu coração se derramou quando viu meia dúzia de jovens ‘ferozes’ na posição do Adormecer.

Assim, tão holístico quanto as terapias é a condição em que olhamos para o mundo: Deveza também conta que em outra destas quartas-feiras foi impedido de dar a sua aula por ocasião de um problema qualquer naquele centro da Vila Maria. Resignado, optou por tomar sol no pátio da fundação para passar sua hora e meia disponível de outra forma. Sem mais, aproxima-se dele um menino – que não era seu aluno – e entabula uma conversa que, de despretensiosa, tornou-se o sentido de estar ali, inteiro, naquela hora, naquele lugar.

E muitas vezes fazemos assim: deixamos que um pequeno sentimento seja maior que o todo e resmungamos por um nada de alguém que nos faz tudo. Se olharmos a vida mais holisticamente, as chances de sermos mais felizes aumentará; acredite. Experimente.

Um pé no holístico

O todo é maior do que a simples soma das suas partes”. A afirmação acima, atribuída a Aristóteles em “Metafísica”, resume a ideia do Holismo (do grego Holos, inteiro, todo), segundo a qual um ser humano – ou outros organismos – não podem ser explicados apenas por um fragmento de um todo mas, sim, é o todo quem determina como se comportam os fragmentos.
Aplicado à Terapia – (do verbo grego Therapeúo, prestar cuidados médicos, cuidar), tratamento médico pela medicina tradicional ou alternativa de determinadas doenças (do latim Dolentia, padecimento), – o Holismo nos possibilita enxergar os distúrbios a serem curados sob um olhar mais amplo, levando em consideração não só suas questões físicas, mas também emocionais, mentais ou espirituais – investigando a pessoa em seu contexto, as suas origens, suas crenças, seus medos ou suas relações pessoais, resumidamente.
O Ayurveda (Ayus, vida e Veda, conhecimento, ciência), por exemplo, o sistema indiano de saúde, cujas origens remontam há mais de 5 mil anos, jamais trata dois pacientes da mesma maneira, mesmo que se tenham estabelecidos os mesmos diagnósticos. Ocorre que cada pessoa tem o seu purusha, sua consciência própria, seu observador interno, que tudo sabe e tudo vê. A anamnese ayurvédica leva em consideração, entre outras coisas, os hábitos e os comportamentos não só da própria pessoa, mas de seus pais e da sua família.
Venho acompanhando a procura cada vez maior pelas terapias holísticas, em comparação à medicina tradicional, ainda tão necessária. Num auditório lotado, onde mais de mil pessoas prestigiaram o II Simpósio Internacional de Cura Quântica e Qualidade de Vida, em setembro de 2.011, em Olinda/PE, (o próximo acontece de 13 a 15 de setembro de 2.013 no Anhembi, em São Paulo), pude comprovar a importância crescente de médicos tradicionais que não poupam elogios às também chamadas terapias alternativas.
Aliás, o pernambucano Tchydjo, o pajé da tribo Kariri-Xocó que promove eventualmente aqui no Instituto Cultural Potala atendimentos individuais, gosta de brincar comigo que a medicina alternativa não é a dele, que utiliza tambores, maracás, cânticos, cachimbos e plantas, mas a do homem branco, que usa compostos químicos para curar.
A bem da verdade, sou testemunha de que vivemos hoje um momento bastante próspero para os cuidados com a saúde em seus diferentes aspectos, físicos, psicológicos ou sociais. Tenho certeza de que, a exemplo de sermos todos um único quantum de energia humana, as terapias todas, holísticas ou não, são também uma só força divina capaz de promover um planeta mais cientificamente mais saudável e holisticamente mais equilibrado.