A arte da prudência

"A arte da prudência", de Baltasar Gracián é minha primeira indicação de leitura. É uma compilação de 150 dos 300 aforismos publicados originalmente em 1647, na Espanha. São conselhos de um dos mais poderosos escritores do barroco espanhol, filósofo e jesuíta, admirado por grandes pensadores como La Rochefoucauld, Goethe, Schopenhauer, Voltaire. Seus textos são engenhosos, concisos e reflexivos e abordam a moral, a religião, a sociedade e a política com alta qualidade de pensamento e estilo. Viveu de 1601 a 1658 e publicou 8 livros, entre ele este "Oraculo Manual y Arte de Prudencia", "um manual que advoga, numa linha um tanto pessimista, a virtude da prudência e a prática do realismo na conduta e convivência em sociedade", segundo escreve José Mario Pereira. Abaixo reproduzo dois aforismos e aqui inauguro um espaço para instilar o exercício de meditação
Ser pessoa de conversa agradável e saborosa (Página 19)
'A munição das pessoas inteligentes é a erudição sedutora, ou seja, um saber prático de todas as coisas comuns, mais inclinado ao saboroso e elevado que o vulgar. É conveniente ter uma boa reserva de frases engenhosas e de comportamentos galantes, sabendo empregá-los no momento adequado, pois, às vezes, é melhor o conselho contido em uma piada que o mais precioso ensinamento. Para alguns, a arte de conversar e a sabedoria no trato social tem sido mais valiosas que todos os conhecimentos acadêmicos.'
Ser diligente e inteligente (Página 28)
'A diligência executa rapidamente o que a inteligência pensou com calma. A pressa é uma paixão de tolos: como não percebem o perigo, agem sem atenção. Os sábios, ao contrário, costumam pecar por serem lentos, pois a reflexão obriga a parar. Às vezes, o acerto de uma observação se perde pela negligência em agir. A presteza é a mãe do sucesso. Muito consegue quem não deixa nada para amanhã. Correr devagar é um lema precioso.'

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