A tatuagem

Nesta terça-feira de carnaval soube da história de duas amigas que se conheceram na piscina de um clube de campo do interior de São Paulo. As duas tomavam sol próximas e a tatuagem de uma chamou a atenção da outra, motivo pelo qual começaram a conversar. Como ambas são muito simpáticas e tem algumas coisas em comum, o papo se renovou em outras oportunidades e hoje se entendem e se ajudam como se se conhecessem há anos. Eu mesmo pude comprovar.
A tatuagem aqui se tornou símbolo de integração, a beleza da amizade brotada do simples, da tarde de verão, sem medo do ridículo ou da indiferença, do gesto vazio por falta de eco, da rejeição pura e singela.
A tatuagem aqui representa o nosso desejo de expansão e o receio da aventura com surpresas. Mostra nossa vontade de fazer amigos com a facilidade de abordar pessoas e a preocupação em escolher assassinos para entrarem nas nossas casas.
A tatuagem mostra o medo vencido, a bola para dentro da linha do gol, o avião pousado, as luzes intermitentes, as asas batendo, os ponteiros girando e o mar calmo e aberto, à revelia do silêncio sisudo, da carranca empertigada, do olhar de poucos amigos, das blindagens invisíveis, do magnetismo que afasta pessoas, do cercado cinza e restrito, da panela onde habitam sempre os mesmos.
A tatuagem aqui é a que deu certo, que me tem por testemunha, sinônimo de mão dupla, sinônimo de novos amigos, o novo elo da corrente, como a vida, que nunca se quebra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amei meu amigo, amei!
Quanta sensibilidade ... beijo no seu coração! Mara