Invictus


Ainda está em cartaz o novo filme de Clint Eastwood, Invictus. Trata-se de uma bela história de superação, cuja mensagem nos faz refletir. Como não gosto de sinopses, nem de trailers, nem de contar o filme para quem não o viu, vou dizer que vale a pena assistir-lhe. As mocinhas acharão que é por causa de Matt Damon, que interpreta François Pienaar, o capitão da seleção sul-africana de rúgbi; outros, por causa de Morgan Freeman, que vive Nelson Mandela, ou por causa de Eastwood que, às vésperas de completar 80 anos, tem surpreendido atrás das câmeras. Além dos atrativos, o filme mostra uma história real, ocorrida em 1.995, um ano depois de Mandela assumir a presidência da África do Sul, onde os conflitos entre a minoria branca e a maioria negra caminhavam para uma guerra civil. Hoje sabemos que Mandela não conseguiu cumprir todas as promessas do seu mandato, mas teria sido pior se não fosse o episódio contado no filme, que entrelaça esporte e política para unificar um país alquebrado pelo racismo, cujos detalhes não posso falar. Posso dizer, sim, que o poeta inglês William Henley e Mandela deixam uma lição excepcional. Como o filme deixa para mim, na contramão das grandes atrações, do diretor e dos atores consagrados, a sutil constatação de que, mesmo com toda intolerância que insistimos em criar, temos os mesmos desejos, os mesmos medos, as mesmas necessidades. Nós é que segregamos o que quer que nos seja contrário. Criamos falsos conceitos contra as cores da pele, contra as opções sexuais, contra a fé, contra as classes sociais, dentro da nossa família, entre os nossos amigos e até contra nós mesmos. Construímos muros ao redor de tantas coisas, mantemos distâncias sob os mais pífios argumentos, antipatizamos com quem nem conhecemos e afastamos pessoas do nosso convívio por conta de um único tijolo. E vem o destino e nos amarra a pessoas que mantemos à margem, para descobrirmos nelas reflexos de nós mesmos. E vem Invictus e nos lembra que, enfim, somos todos iguais.

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