A dama das camélias


Mauro Bolognini foi um grande nome do cinema italiano - um dos diretores preferidos de Liv Ulman, além de Ingmar Bergman - embora não tenha alcançado tanto reconhecimento. Além do conhecido “O belo Antônio”, ele filmou, em 1980, “A dama das camélias”, baseado no clássico da literatura francesa escrita por Alexandre Dumas, filho do também Alexandre Dumas. Enquanto o pai escrevia “Os três mosqueteiros”, o filho se apaixonava por Alphonsine Plessis, uma moça pobre que fugira do interior, mais ingênua que assustada, para se tornar a mulher mais disputada pela burguesia parisiense, de beleza delicada e sugestiva. Os dois são retratados na história da jovem que inspirou Dumas filho a escrever seu romance de maior expressão, levado ao teatro e aclamado pelo público. Vale a pena viajar ao século XIX para conhecer esta passagem na vida dos Dumas, os conselhos do pai, a ascensão do filho, os vaivéns na nobreza, as apresentações teatrais, os bastidores sociais, o tom promíscuo nos diálogos, os hábitos imorais que pontuavam em Paris, onde aliás se encontrava Frans Liszt, também concorrente aos dotes de Alphonsine. Assistir a esse filme de época vale não só como uma alternativa aos tiroteios, às perseguições de carros e aos enredos mirabolantes que o cinema moderno tem produzido, mas também para admirar a beleza do cenário, a suntuosidade dos figurinos e a mestria da trilha sonora, composta por ninguém menos que Enio Morricone, uma lenda do cinema mundial. Para quem não sabe, a história vivida por Dumas filho e por ele transformada em “A dama das camélias” teve um grande admirador, Giuseppe Verdi, que compôs “La traviata” (A transviada) baseado no romance, no ano seguinte (1853) à sua primeira apresentação, no Teatro de Vaudeville, em Paris. E, para quem gosta das lições de moral, o enredo é um prato cheio.

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