Feliz Páscoa!

Dois discípulos caminham lenta e melancolicamente de Jerusalém à Emaús, distantes 60 estádios – ou pouco mais de 12 km –, tomados pelos acontecimentos sucedidos dali a três dias, sobre o que vão discutindo.
Pelo percurso junta-se aos dois um forasteiro, que lhes pergunta sobre a tristeza que evidenciavam em seus semblantes e sobre os assuntos que tratavam enquanto caminhavam. Um deles, chamado Cléopas, pergunta-lhe se porventura é o único a ter estado em Jerusalém a desconhecer o tão repercutente episódio acerca de Jesus de Nazaré, o profeta poderoso em obras e palavras, a quem se atribuía a restauração de Israel, que fora condenado pelas autoridades e sumos sacerdotes, que fora morto e posto em sepulcro, de onde então o seu corpo sumira, sob os relatos de algumas mulheres, a quem anjos teriam dito que ele vivia.
Os dois discípulos, inteiramente absorvidos em suas próprias discussões, não o reconheceram o forasteiro que se lhes apresentava: tratava-se do próprio Jesus.
Nesta quaresma, em que prosperam os retiros eclesiais, os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, a Pessach judaica, a reflexão sobre a morte e o renascimento, 2 bilhões de fiéis celebram a apoteose do Cristianismo, a religião com o maior número de seguidores espalhados pelo mundo.
Amanhã se celebra a memória de Jesus, que dedicou vida e morte pela remissão dos pecados, que legou tantas lições à humanidade, a simplicidade, a gratidão, a fé, a doação gratuita, a firmeza de propósito, o respeito, a tolerância, a força e, sobretudo, o amor incondicional. Amanhã é dia de crucificar a nossa arrogância, a nossa impaciência, o nosso orgulho, o nosso pessimismo, as nossas exigências. Amanhã é dia de sepultar as distâncias que nos separam das pessoas, as nossas pequenezas, as nossas complicações. Amanhã é dia de renovar a paz de espírito, de lavar a nossa alma, de lavar dos nossos olhos tanta contrariedade. Assim, ao contrário dos discípulos de Emaús, enxergaremos melhor que Jesus está bem à nossa frente.

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