Hoje é dia de amor

Ilustração: Ju Neder (http://juliananederdesign.blogspot.com/)


Ainda que tanto se tenha dito sobre o sentimento mais nobre da espécie humana, ainda que tantos romances se tenham sucedido pela história desde os primórdios, ainda que inúmeros casos nos inspire ou nos sirvam de bons ou maus exemplos, uma grande verdade não se contesta: o amor é inexplicável.
Muito além das cartas de Paulo, o amor não tem fronteiras e não impõe condições; além dos versos, das poesias arrebatadas, ao amor se entrega corpo e alma sem razão aparente. Muito além dos enamorados, o amor se estende às famílias, aos amigos, ao próximo; amor se dedica à natureza, à divindade; amor se dedica a um ofício, a uma causa: quem ama não adoece.
Amor não se explica, razão pela qual tão poucos filósofos tentaram fazê-lo. Um deles foi o alemão Arthur Schopenhauer, o primeiro a apontar razões inconscientes e biológicas para o amor, 60 anos antes de Freud. Nada – teria dito – é mais importante que o amor. O elegante, apessoado, herdeiro, genial Schopenhauer discutiu o amor como sentimento avassalador, como experiência transformadora da vida, em função da qual todos estamos corretos em viver. O erro – teria concluído o filósofo – seria pensar que a felicidade tem a ver com o amor. Schopenhauer jamais se casou.
O amor se sente. O amor é puro, inocente como um beijo de criança; por isso não se ensoberbece nem se comporta inconvenientemente como escreveu o apóstolo. Nosso descompasso talvez seja envelhecê-lo, examiná-lo ou arrazoar os seus desígnios.
O amor brota. Brota em terra fértil para agalhar mais seguidores; brota em peito hostil para mostrar que a vida é mesmo uma grande volta por cima. O amor não escolhe tempo nem lugar para se alojar, nós é quem tentamos obstruir os seus dotes quando amamos mais a nós mesmos do que o outro, do que a virtude, do que a unidade. O amor é uma força que tudo pode, um sábio que tudo ensina, em toda dificuldade. Ensina sobretudo a humildade e o desapego em toda ocasião frutuosa, em todo novo dia. Assim, divirtamo-nos todos: hoje é dia de amor!

Um comentário:

Alexandra Deitos disse...

o amor é puro quando não se pensa... acontece, e quando se vê já era.

:)