Muito além das cartas de Paulo, o amor não tem fronteiras e não impõe condições; além dos versos, das poesias arrebatadas, ao amor se entrega corpo e alma sem razão aparente. Muito além dos enamorados, o amor se estende às famílias, aos amigos, ao próximo; amor se dedica à natureza, à divindade; amor se dedica a um ofício, a uma causa: quem ama não adoece.
Amor não se explica, razão pela qual tão poucos filósofos tentaram fazê-lo. Um deles foi o alemão Arthur Schopenhauer, o primeiro a apontar razões inconscientes e biológicas para o amor, 60 anos antes de Freud. Nada – teria dito – é mais importante que o amor. O elegante, apessoado, herdeiro, genial Schopenhauer discutiu o amor como sentimento avassalador, como experiência transformadora da vida, em função da qual todos estamos corretos em viver. O erro – teria concluído o filósofo – seria pensar que a felicidade tem a ver com o amor. Schopenhauer jamais se casou.
O amor se sente. O amor é puro, inocente como um beijo de criança; por isso não se ensoberbece nem se comporta inconvenientemente como escreveu o apóstolo. Nosso descompasso talvez seja envelhecê-lo, examiná-lo ou arrazoar os seus desígnios.
O amor brota. Brota em terra fértil para agalhar mais seguidores; brota em peito hostil para mostrar que a vida é mesmo uma grande volta por cima. O amor não escolhe tempo nem lugar para se alojar, nós é quem tentamos obstruir os seus dotes quando amamos mais a nós mesmos do que o outro, do que a virtude, do que a unidade. O amor é uma força que tudo pode, um sábio que tudo ensina, em toda dificuldade. Ensina sobretudo a humildade e o desapego em toda ocasião frutuosa, em todo novo dia. Assim, divirtamo-nos todos: hoje é dia de amor!
Um comentário:
o amor é puro quando não se pensa... acontece, e quando se vê já era.
:)
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