Os reis do riso

Poucos gêneros são mais universais do que a comédia. Até a expressão ‘comédia’ é mais universal do que se imagina. Vieram da Grécia Antiga, por ocasião do surgimento do teatro, os temos tragédia e comédia, através dos quais Aristóteles diferenciou, em “Arte Poética”, os feitos dos homens nobres e as histórias das pessoas comuns das pólis, respectivamente. Por essa definição, a “Divina Comédia” de Dante Alighieri é ‘comédia’ não por ser engraçada, mas por ter um final feliz. As tragédias destes tempos acabavam mal para os protagonistas.
A comédia que conhecemos hoje nos faz rir de todas as maneiras: é o filme irreverente, o debochado, a paródia, o pastelão; é o humor ingênuo, o refinado, o sarcástico. Sobretudo quando a sala está cheia e o riso é contagiante.
Cabem aqui outros artigos para agrupá-las, que são muitas as boas comédias. As minhas prediletas são as ingênuas: não existe graça maior do que assistir ao Carlitos (f0t0) fazer das suas para escapar da jaula onde se trancou por engano, sem acordar o leão que dorme lá dentro. Assim, “O circo” (The circus, 1.928), como os vários filmes de Charles Chaplin, valem uma conferida. Poucas comédias guardam a inocência de Chaplin, de Stan Laurel e Oliver Hardy, dos irmãos Marx, dos Três Patetas, de Buster Keaton ou Mazzaropi, em que a graça é singularmente despretensiosa. Uma delas é “O homem que perdeu a hora” (Clockwise, 1.985), sobre um diretor escolar neurótico por horários que perde o trem a caminho de receber uma honraria. Impagável.

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