Nosso lar


Não tem me surpreendido o sucesso que a temática da pós-morte tem alcançado – através do cinema e da televisão – no Brasil, um país de maioria católica. Mesmo os que acreditam na vida eterna tem alguns naturais questionamentos – que talvez fiquem eternamente sem respostas.
Lembro-me de ter lido o interessantíssimo “Vida depois da vida”, do dr. Raymond Moody Jr., em que conta, baseado em relatos de pessoas que voltaram do coma, as considerações de quem esteve muito perto da morte. Contemplar-se ou fora do corpo ou a luzes perfulgentes, sentir paz e quietude, ouvir ou sons ressoantes ou a notícia da própria falência são algumas similaridades entre os depoentes, talvez o mais próximo que se possa chegar ao outro lado, já que a vida após a vida não pode ser comprovada nem pelo homem nem por nenhuma das doutrinas religiosas.
Em “Nosso lar”, de Wagner de Assis, lançado em setembro nos cinemas, o médico André Luís desencarna após um infarto, deixando a esposa e os filhos na Terra a caminho de outra dimensão, de onde descreve a vida após a vida. É uma história emocionante, muito por entoar a belíssima “Sonata ao luar”, de Beethoven – que caiu muito bem à história –, muito por ser André Luís uma alma virtuosa, de boas intenções, solícita, que então reconhece as imperfeições humanas – inclusive as suas –, compreende o universo da existência terrena e passa a colaborar para torná-la melhor de onde está.
Embora muitos contestem, muitos acreditam que o então espírito André Luís tenha referido, pelo então médium Chico Xavier, não só o desencarne, nem a vida em outras esferas, mas ensinamentos para uma existência melhor nas dezenas de livros que escreveram juntos, entre os quais figura o próprio “Nosso lar”, baseado no qual foi produzido o filme.
Independente de credos é uma história que privilegia a virtude, os princípios, a consciência das próprias falhas como escala de evolução. Mais importante do que chegar à Providência Divina é celebrar o Seu mais poderoso desígnio: a vida.

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