Dez minutos de vida

Na esteira do filme-mosaico, onde diferentes histórias paralelas se intercalam, recomendo hoje um outro formato muito comum nos cinemas: trata-se do chamado Anthology film, ou o filme-antologia, que compila várias pequenas histórias independentes em um mesmo longa-metragem, muitas vezes reunindo diferentes diretores.
É o caso de “Dez minutos de vida” (Ten minutes older, 2.002) em que, divididos em “O violoncelo” (The cello) e “O trompete” (The trumpet), 15 consagrados cineastas – entre eles Bernardo Bertolocci, Werner Herzog, Jean-Luc Godard, István Szabó, Win Wenders, Spike Lee, Jim Jarmusch... – apresentam, em 15 histórias de dez minutos, 15 concepções pessoais sobre o tempo. O filme-antologia variavelmente será agrupado ao redor de um tema específico. “Paris, eu te amo” (Paris, je t’aime, 2.006), por exemplo, reúne 21 histórias sobre diferentes bairros de Paris, filmados também por diferentes diretores, entre eles o conhecido Gérard Depardieu e o brasileiro Walter Salles.
Neste gênero, um dos mais bonitos que eu já vi foi “Sonhos” (Yume, 1.990), do célebre diretor japonês Akira Kurosawa que, em 8 belíssimas histórias, transpõe sonhos que teve, de fato, durante a vida. Entre eles está “Corvos”, em que um estudante ‘entra’ na tela “Ponte de Langlois” (foto), de Van Gogh (interpretado por ninguém menos do que Martin Scorcese), e caminha pelas pinturas coloridas do holandês até encontrá-lo, num descampado, onde conversam, ao som da 9ª Sinfonia de Beethoven. Uma verdadeira obra-prima.

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