A boa memória

Para aqueles que estão sempre reclamando que a memória vive falhando, aqui vai a indicação de um dos livros mais lindos que eu já li até hoje. Trata-se de muito mais do que simples conselhos: diz-nos como somos desatentos, preguiçosos, levianos, como erramos nas nossas apreciações e observamos muito menos do que deveríamos o universo de coisas que acontecem ao nosso redor. Um livro que rendeu muitos seguidores, das dicas preciosas, das técnicas que ele ensina, vistas e revistas em outros autores. Vale como aprendizado, como ferramenta de expansão e reflexão: sem a memória, não conseguiríamos falar, comer, andar, sentar, viver.
Do prefácio, de Bandeira Duarte: " A memória é uma Primavera de vida, que prolonga a mocidade, permitindo revivê-la ressussitando a emoção que outrora impressionou o nosso cérebro. Esse dom foi, em todos os tempos, objeto de numerosos estudos filosóficos tanto mais interessantes pelo fato de se apresentar em cada indivíduo sob um aspecto diferente. Mas, sendo a memória variável nas suas manifestações naturais, as apreciações interpretativas das lembranças falham na maioria das vezes quanto à unidade. Eis por que se dedicaram sempre à conquista da fixidez na evocação, quer dizer, à cultura de um método que permita adquirir a memória ou desenvolvê-la. Assim, concentraram seus esforços sobre o ensino da arte que consiste em separar os feitos dignos de recordação, ou para dizer melhor, de revivescência, da balbúrdia de adaptações fantasistas com que os historiógrafos mascaram tais fatos. Sob este ponto de vista, a antiga literatura hindu fornece preciosos documentos. O culto da memória foi observado poe esse povo muitos séculos antes da nossa era e muitos séculos depois do período védico, encontramos ainda Asoka Piyardini que, segundo ele próprio dizia, para observar o culto dfa memória, garantindo a sinceridade da lembrança, gravou seus ensinamentos numa pedra para que os fiéis de Brama pudessem evocar através das idades, as doutrinas autênticas professoradas pelos seus longínquos antepassados. Além dele, pelo século XII, Sankara, o continuador do sistema filosófico mais aproximado dessa época, escrevia estas linhas magníficas: 'a memória é uma fonte que vivifica e reconforta aqueles que sabem nela beber.'

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