Mosaicos

Um dos gêneros mais interessantes – e recentes – da história do cinema é o filme-mosaico, o chamado multiplot, caracterizado pela maneira diferente de contar a história. Trata-se daqueles filmes em que vários diferentes personagens – aparentemente desconexos – vão se interligando pouco a pouco como as peças de um mosaico. Há teses que defendem a autoria do filme com essa estrutura de narrativa ao norte-americano Robert Altman (1925-2006). Em "Nashville", de 1975 e "Cerimônia de Casamento" (A wedding, de 1978), Altman já se utilizava dessa fórmula, que só mais tarde, com "Cenas da vida" (Short cuts, 1993) –, baseado nos contos do minimalista Raymond Carver (1938-1988) – tornaria-se célebre. Há estudos sobre a importância ideológica de "Cenas da vida", um filme que se passa entre a classe média baixa de Los Angeles e reproduz, em seus vários núcleos de personagens, as condições em que viviam. A ideia era dar uma visão estrutural da situação através da somatória das perspectivas.
Um dos filmes-mosaicos mais famosos é "Crash – no limite" (foto), de 2004, premiado com o Oscar de melhor filme, edição e roteiro original. Trata-se de um ótimo filme, surpreendentemente envolvente, questionador, polêmico, inquietante.
Outras dicas são os filmes do mexicano Alejandro Gonzáles Iñarritu, que tem se celebrizado como diretor de filmes-mosaicos: "Amores brutos" (Amores perros, 2000), "Babel" (de 2006, com Brad Pitt) e "21 gramas" (21 grams, de 2003) já são grandes sucessos de público.

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