Um olhar holístico

Todas as quartas-feiras o médico César Deveza, um dos meus professores de Ayurveda, dirige-se de seu consultório, no Butantã, até um dos centros da Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente; antiga FEBEM), na Vila Maria. É recebido com sorrisos e apertos de mão por um punhado de ‘meninos’ – internos com até 21 anos –, ansiosos à sua espera. Retribui a simpatia e escolhe a sala com lousa e colchões preparados para a sua aula de Raja Yoga.

O professor Deveza é também o idealizador do Projeto Yam (clique aqui para conhecê-lo), cujo propósito é levar uma esperança – através da yoga – aos corações dos internos. “Senti que deveria fazer alguma coisa pelos jovens”, disse-me em um dos 5 dias de treinamento gratuito para formação de voluntários para o projeto. Uma das vocações do Instituto Cultural Potala é justamente formar novos voluntários para o Projeto Yam, para que essa idéia se alastre não só nas Fundações CASA da capital, mas também pelo interior de São Paulo.

Nem preciso dizer que as quartas-feiras são os dias preferidos do professor. Neste dia ele atravessa a cidade para estar com o seu grupo de alunos, com quem mais aprendeu que ensinou. Eu mesmo estive com ele em uma destas oportunidades e voltei de lá arrepiado da cabeça aos pés: se por um lapso de preconceito me senti em perigo, meu coração se derramou quando viu meia dúzia de jovens ‘ferozes’ na posição do Adormecer.

Assim, tão holístico quanto as terapias é a condição em que olhamos para o mundo: Deveza também conta que em outra destas quartas-feiras foi impedido de dar a sua aula por ocasião de um problema qualquer naquele centro da Vila Maria. Resignado, optou por tomar sol no pátio da fundação para passar sua hora e meia disponível de outra forma. Sem mais, aproxima-se dele um menino – que não era seu aluno – e entabula uma conversa que, de despretensiosa, tornou-se o sentido de estar ali, inteiro, naquela hora, naquele lugar.

E muitas vezes fazemos assim: deixamos que um pequeno sentimento seja maior que o todo e resmungamos por um nada de alguém que nos faz tudo. Se olharmos a vida mais holisticamente, as chances de sermos mais felizes aumentará; acredite. Experimente.

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